sábado, 14 de novembro de 2009

Dízimo


Qual mandamento da Igreja diz que eu devo dar o Dízimo?
O que talvez muitos católicos ainda não saibam é que, além dos Dez Mandamentos do Antigo Testamento, existem os “Cinco Mandamentos da Igreja”. E é preciso entender que Mandamento, diferente de recomendação ou conselho, é algo obrigatório.

Nós sabemos que Cristo deu poderes à Sua Igreja para estabelecer normas para a salvação do povo. Ele disse aos Apóstolos: “quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (Lc 10,16).

Então, a Igreja cria leis com o poder dado por Jesus, e quem não a obedece, não obedece ao próprio Cristo, e em conseqüência, ao Pai. Para garantir aos fiéis o mínimo indispensável no espírito de oração e no esforço moral, no crescimento do amor de Deus e do próximo, a Igreja estabeleceu cinco mandamentos que todo católico têm de cumprir, conforme ensina o Catecismo da Igreja.

Por ocasião de ser este o último domingo do mês, onde damos ênfase à conscientização e à importância do Dízimo, vamos nos ater ao quinto mandamento. Ele diz: “Ajudar a Igreja em suas necessidades”.

Bem, esse mandamento, importante como todos os outros, lembra aos fiéis que eles devem ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades. O Código de Direito Canônico reserva às Conferências Episcopais, no caso do Brasil, a CNBB, o direito de estabelecer outros preceitos eclesiásticos para o seu território. Com isso, no Brasil, temos a tradição de ofertar aquilo que condiz com a nossa possibilidade e o costume de dar o dízimo, ou seja, 10% da renda.

O que a Igreja faz com essa contribuição?
Todo o dízimo é investido na Igreja. Uma pequena porcentagem é entregue à Cúria Diocesana, que está a serviço das comunidades. O restante é dividido entre a comunidade doadora e a sede paroquial.

Além disso, o dízimo é direcionado para seis dimensões da obra evangelizadora:

A primeira é a dimensão Litúrgica, nas despesas com o culto, como, por exemplo: vinho, hóstias, velas, flores, água, luz...

A segunda é a dimensão Pastoral, nas despesas com todas as pastorais, além de retiros, livros, cartazes, formação...

A terceira é a dimensão Comunitária, na remuneração dos padres, dos funcionários, manutenção do prédio, da casa paroquial, da secretaria...

A quarta é a dimensão Social, na promoção humana e social dos pobres, idosos, crianças, dependentes químicos...

A quinta é a dimensão Missionária, na colaboração com as paróquias pobres da diocese e de outras dioceses, além das missões em todo o mundo...

E a sexta é a dimensão Vocacional, na formação de lideranças, seminaristas, novos padres, Ministros, catequistas...

Como vocês perceberam, o trabalho da Igreja, que o próprio Cristo ordenou, não pode parar, até que Ele venha instaurar seu Reino Definitivo. Até lá, a Igreja precisa que você seja fiel, assim como Cristo é em sua vida. Portando, oferte a Deus, seja Dizimista!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

É válido rezar pelos mortos?

Primeiro temos que entender o que é o Corpo Místico de Cristo. Jesus fala de uma comunhão íntima com Ele, dizendo: “Permanecei em mim, como eu em vós... Eu sou a videira, e vós os ramos” (Jo 15,4-5). E anuncia uma comunhão misteriosa e real entre o seu próprio corpo e o nosso: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56).

O Catecismo nos ensina a crer na comunhão de todos os fiéis de Cristo, tanto dos que são peregrinos na terra, quanto dos defuntos que estão terminando sua purificação e dos bem-aventurados no céu, formando uma só Igreja, ou seja, o Corpo Místico de Cristo.

Reconhecendo essa comunhão entre os fiéis, inclusive aqueles que já faleceram, a Igreja terrestre venera com grande piedade a memória dos defuntos. Quando Ela ensina que devemos rezar pelos mortos, faz isso com base nas Sagradas Escrituras, que diz: “É um pensamento santo e sadio rezar pelos defuntos para que sejam perdoados os seus pecados”. (II Mc 12,46)

O que a Igreja diz sobre o purgatório?
Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, passam, depois da morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar no Céu e ver a Deus face a face.

A Tradição Apostólica encontra nas Sagradas Escrituras a referência para a doutrina do Purgatório. Jesus Cristo diz: “Se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século, nem no século futuro”.

Como ninguém vive por vários séculos, quando Jesus diz séculos futuros, Ele se refere à morte. Então, se existem pecados que não serão perdoados depois da morte, é porque existem aqueles que serão, como as faltas leves, por exemplo. Ao estado de perdão, ou purificação, desses pecados, depois da morte, é que chamamos purgatório.

Ao olharmos para a história, vemos que desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sacrifícios em seu favor, em especial o Sacrifício Eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus.

Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles” - São João Crisóstomo, Doutor da Igreja

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Em defesa da Fé

Temos observado o quanto a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo tem sido atacada nos últimos tempos. São verdadeiras avalanches de críticas à Doutrina legada por Cristo, e que é posta em dúvida pelos mais variados tipos de seitas que surgem a todo instante, julgando ser a verdadeira igreja de Deus. Sabemos que a única Igreja querida por Jesus foi a Igreja Primitiva, que não deixou de existir, mas que subsiste na Igreja Católica. Enquanto batizados, portanto inseridos na Igreja de Cristo, temos o dever de defender nossa Fé. Não uma fé sem bases, mas enraizada na Sagrada Escritura, na Tradição Apostólica e no Magistério da Igreja, através da infalibilidade papal e da vida dos muitos padres e santos e santas martirizados por amor à Igreja.

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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Porque a Igreja batiza crianças?

Antes de respondermos essa questõe, é importante lembrar que existem três modalidades de batismo: o sacramental, que é o batismo administrado pela Igreja; o batismo de desejo, que é o batismo daqueles que, por falta de conhecimento e oportunidade, não fizeram parte do corpo da Igreja (como era o caso dos índios do Brasil antes da chegada dos portugueses); e o batismo de sangue, que é o batismo daqueles que, embora não batizados pela água, demonstram na hora da morte um amor ardente e uma Fé imensa em Deus, a ponto de morrer por Ele, como é o caso do bom ladrão e de vários santos mártires. O Batismo de sangue e o desejo de Batismo geram os frutos do Batismo sacramental, mesmo sem ser sacramento.

Por nascerem com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, também as crianças precisam do novo nascimento no batismo, a fim de se tornarem filhos de Deus. A Igreja e os pais privariam então a criança da graça de se tornar filho de Deus se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do nascimento.

Nesse ponto, pessoas de outras igrejas dizem que nós católicos estamos errados ao batizarmos crianças, porque a bíblia não fala pra fazer isso. A Sagrada Escritura não se refere explicitamente ao Batismo de crianças. Todavia narra que vários personagens pagãos professaram a fé cristã e se fizeram batizar “com toda a sua casa”. Assim foi com o Centurião romano Cornélio, a negociante Lídia e o carcereiro de Filipos, Crispo de Corinto, a família de Estéfanas.

Ora, a expressão “casa” tinha sentido amplo e enfático na Antiguidade: designava o chefe de família com todos os que habitavam a residência, inclusive as crianças, que com certeza não faltavam. Assim, indiretamente, as Escrituras sugerem o Batismo de Crianças.


O que acontece com aqueles que morrem sem o Batismo?
Quanto aos bebês que morreram sem o Batismo, a Igreja acredita que a misericórdia de Deus, “que quer que todos os homens se salvem”, e a ternura de Jesus, que o levou a dizer: “Deixai as crianças virem a mim, não as impeçais”, nos permitem esperar que haja um caminho de salvação para as crianças mortas sem batismo.

Já os que morrem por causa da fé, os catecúmenos e todos os homens que, sob o impulso da graça, sem conhecerem a Igreja, procuram com sinceridade a Deus e se esforçam para cumprir a vontade de Dele podem ser salvos, mesmo que não tenham recebido o sacramento do Batismo. Nesse caso, receberam o direito da salvação pelo Batismo de sangue ou pelo desejo de Batismo.

“O Batismo é o mais belo e o mais magnífico dom de Deus. Chamamos de dom graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que existe de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que nada trazem; graça, porque é dado até a culpados; Batismo, porque o pecado é sepultado na água; unção, porque é sagrado e régio (tais são os que são ungidos); iluminação, porque é luz resplandecente; veste, porque cobre nossa vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é o sinal do senhorio de Deus. (São Gregório Nazianzeno, † 389)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Como Surgiu a Bíblia?

A Igreja professa a fé na Inspiração Divina; ou seja, foi o Espírito Santo de Deus quem influenciou os autores da Bíblia. Ao contrário do que muitos pensam, ela não desceu do céu pronta, como um fax enviado por Deus.

Porque a bíblia católica é diferente da bíblia protestante?
Antigo testamento
Vamos nos ater a explicar o surgimento do Antigo Testamento, já que é nele que a bíblia protestante difere da nossa. Os judeus que viveram antes de Jesus já passavam para o papel as Leis de Deus e toda a sua revelação, mas não as catalogavam. Só com o surgimento dos livros do Novo Testamento, que eles negavam, é que surgiu a idéia de juntar todos os livros até então escritos numa coletânea – o que chamamos de bíblia.

Os judeus que moravam na Palestina, avessos a povos estrangeiros, impuseram critérios para formar a Tanach (bíblia judaica). Acontece que esses critérios eram puramente nacionalistas. Por isso os livros de Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, 1 e 2 Macabeus, além de trechos dos livros de Daniel e Ester, não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina . Estes mesmos livros, traduzidos para o grego, foram aceitos pelos judeus que viviam em Alexandria. Com isso, tínhamos dois cânones: o cânon da Palestina e o cânon de Alexandria. Acontece que os Apóstolos e Evangelistas, ao escreverem os livros do Novo Testamento, usaram como referência o cânon de Alexandria, ou seja, a bíblia completa, com os livros já citados. Para se ter idéia, das 350 referências do Antigo Testamento que existem no Novo, 300 são tiradas da versão de Alexandria, o que prova que os Apóstolos usaram a Bíblia completa.

Até o quarto século houve dúvidas na Igreja com relação aos sete livros por causa da dificuldade do diálogo com os judeus palestinos. Mas como sabemos que é o Espírito Santo quem guia sua Igreja, a hesitação foi passageira e a Sagrada Tradição, juntamente com o Sagrado Magistério, optou pela Bíblia completa, confirmando os sete livros como também inspirados por Deus. Muitas pessoas perguntam porque a bíblia dos protestantes é diferente da católica. A explicação está no fato de que Martinho Lutero, quando se opôs à Igreja, negando a Tradição Apostólica, decidiu seguir o cânon da Palestina, excluindo os sete livros da versão de Alexandria.

Por fim, é preciso compreender que a Bíblia não define, ela mesma, o seu catálogo, isto é, quais livros ela deve conter. Assim sendo, esse catálogo só pode ter sido feito pela Tradição Apostólica oral que, de geração em geração, chegou até nós.

“A interpretação da Escritura está sujeita, em última instância, ao juízo da Igreja, que exerce o divino mandato de guardar e interpretar a Palavra de Deus” - Concílio Vaticano II.